O senhor primeiro-ministro de Portugal, engenheiro José Sócrates, ontem à noite, na RTP, deixou-nos esta pérola (ou, se preferirem, este soundbite):
«Temos de viver com aquilo que temos!»
A frase é um comovente apelo: por um lado, à aceitação das "inevitáveis" medidas de austeridade económica que se aproximam; por outro, à capacidade de, com algum "inevitável" sofrimento, ultrapassarmos esta fase menos boa que o país vai atravessar (como se não estivesse já a fazê-lo, desde os primeiros anos desta década, mas enfim...).
Ora, não há dúvida nenhuma sobra a eficácia do soundbite, pois não? Ficou no ouvido, não ficou?
Pois ficou: hoje mesmo há tanta gente a parafraseá-la!
Pois ficou: hoje mesmo há tanta gente a parafraseá-la!
Tal como, nos idos da década de 80 (se é que não foi mesmo na de 70, não me recordo agora), num tempo em que Mário Soares era primeiro-ministro de Portugal (embora não se usasse ainda a expressão "primeiro-ministro de Portugal" - que foi "inventada" numa campanha eleitoral do Professor Cavaco, nos idos da década de 90...), e numa época em que se anunciavam medidas de austeridade, ficou famoso o seguinte, e pungente "slogan" (que era como se chamava, na altura, a um soundbite), precisamente:
«Temos de viver com aquilo que temos!».
(Como já sei que alguns de vocês não acreditam em mim, façam o favor de confirmar lendo o que outros autores dizem sobre a mesma frase, nos seguintes "links":
http://opopulo.blogspot.com/2007/06/dvidas.html
http://travessadoferreira.blogspot.com/2006/07/avies-e-mostrengos-antunes-ferreira.html
http://travessadoferreira.blogspot.com/2006/07/avies-e-mostrengos-antunes-ferreira.html
Confirmado? Então, adiante...)
Ora, isto fez-me lembrar que, no que diz respeito a soundbites, os políticos portugueses são bué originais!
Lembremo-nos, por exemplo, do marechal Spínola (quando era ainda General, e Presidente da República), a apelar à «maioria silenciosa do povo português». Algo que, anos antes, um presidente norte-americano, de nome Richard Nixon (sim, o do caso Watergate), fizera também - apelando, nesse caso (obviamente) ao bom povo dos Estados Unidos da América.
Num e noutro caso, a coisa deu para o torto.
Num e noutro caso, a coisa deu para o torto.
E, como alguém já disse (embora por outras palavras) nunca é boa ideia "macaquear" a História - ela não gosta, vira-se a nós, e morde-nos. Depois, não nos podemos queixar - a não ser de nós próprios...
PS - Sobre o outro assunto político do dia - a libertação de Ingrid Betancourt - faço minhas as palavras de El Presidente Hugo Chavez, na entrevista que graciosamente concedeu a Mário Soares e que passou, há pouco tempo, na RTP: a luta armada não deve ser feita recorrendo a reféns civis, ainda que sejam políticos. Só isso.
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