sexta-feira, junho 08, 2007
TODOS AO PAVILHÃO ATLÂNTICO !!!
Pessoal, estão a ver esta expressiva imagem em grande plano de um gajo a sangrar que nem um porco?
Estão a ver? Óptimo: quer dizer que estão a ver o mesmo que eu.
E então? Se calhar é uma imagem qualquer de um qualquer filme, possivelmente americano, não?
Pois... é o que parece, assim à primeira vista.
Mas olhem para esta. Que tal? Ainda vos parece um filme?
E que dizer desta?
Pois, talvez ainda pareça.
Mas não, não é!...
É um magnífico espectáculo de "wrestling". Ou seja, essa espécie de encenação de uma luta-livre, "inventada" pelos americanos.
Hã? Não estou a brincar, não! É mesmo!
Ou vocês pensavam que a coisa era uma brincadeira assim tipo os bons contra os maus trocam umas chapadas e uns pontapés e no final os bons ganham sempre - como a operação de marketing infanto-juvenil anda a querer impingir aos papás que "não têm tempo para ver na televisão o mesmo que vêm os filhos" (ou outra qualquer desculpa esfarrapada)?
Não, pá. Desculpem lá, mas estão enganados.
O "wrestling", essa coisa, essa "brincadeira" que o pessoal da minha idade (eu não, mas o pessoal da minha idade) via na TV, com os comentários de um tal Tarzan Taborda, "evoluiu", e é hoje cada vez mais parecido com isto que aqui vos apresento.
Claro que nem sempre tem este tipo de combates, com tacos de beisebol envolvidos em arame farpado e "artistas" literalmente a arder. Não pode ser sempre assim, não é? Não havia "plantel" que resistisse!
A maior parte das vezes ficam-se por cadeiradas na cabeça do "adversário" e corpos atirados para cima de mesas, de forma a trespassarem o tampo das ditas.
Suponho que, nos dois "espectáculos" do Pavilhão Atlântico (esta sexta-feira e sábado à noite), eles vão ficar só por aí.
Caramba, estamos em Portugal! Estes "lutadores" não vão arriscar as suas brilhantes carreiras aqui nesta terreola, não vos parece justo?
E não se pode ter tudo, não é?
De qualquer forma, animem-se os adeptos: embora a encenação dos "combates" não passe disso mesmo (de uma encenação), com a fasquia alta como está, é sempre possível que aconteçam acidentes... Se não, que piada teria? Seria boring, não é?
Ah, sim, quanto ao título que dei a este artigo...
Pois: então, pessoal de esquerda, que dizem a este espectáculo de gladiadores contemporâneos (é mesmo, não estou a inventar - a única coisa em que não coincidem é que - por enquanto - ainda não se fazem combates até à morte do artista). Que me dizem, defensores da dignidade humana, desta autêntica tourada sem touros (mas com outras bestas...)?
Que me dizem a este circo de aberrações, a este fabuloso negócio ( e é mesmo um grande negócio, como podem verificar clicando aqui) da violência gratuita promovida a espectáculo "para toda a família"?
Que me dizem a esta exportação mundial de valores (ou falta deles) americanóides, a esta banalização da barbárie, a este imperialismo da cacetada?
Acham que exagero?
Mas se saté mesmo alguns fãs desta "modalidade" já consideram que a coisa está a ir longe demais... (leiam, por exemplo, este artigo, num blog com o sugestivo título de Revolução de Veludo).
Pois é pessoal! Toca lá a indignarmo-nos contra esta cruel exploração capitalista dos mais básicos instintos humanos, contra esta imoral e atroz exibição acéfala da violência transformada em negócio e essas coisas que vocês costumam dizer por tudo e por nada.
Uma sugestão: que tal irem TODOS protestar para a porta do Pavilhão Atlântico?
Ganda ideia, não é?
O quê... não podem ir todos protestar para a porta?... Ah pois, já compraram bilhetes, e agora era uma chatice, os putos querem ir e tal...
Pronto, tá bem... então, deixa cá ver... que tal limitar o protesto então só aos que não vão estar lá dentro a ver a coisa?
Afinal, o Pavilhão Atlântico é grande, sim senhor.. mas, mesmo com as duas doses previstas... ora isso dá 20 mil pessoas...
Pois, estão a ver? Vocês, de qualquer forma, não íam caber todos lá dentro, portanto... Vamos lá ao protesto, e...
O quê?
Pois, se calhar até cabem todos lá dentro.
Ora bolas! Então e agora?
Sobro eu?
Ah, mas não contem comigo.
Eu cá não me manifesto. Nunca!
Aliás, como podem ver, estou caladinho que nem um rato.
António Vitorino
(Infelizmente, não existem na internet estudos sérios sobre este assunto. O mais interessante que encontrei é mesmo o do blog que cito no texto. Outra aproximação ao tema, ainda assim não desinteressante de todo, está neste artigo do site Portugal Diário.)
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11 comentários:
NO COMMENTS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
AHAHAHAH WRESTLING É COISA QUE NEM OS PUTOS VÃO NISSO!! ACORDA Ó MENINO!! ALEM DE DIZERES BACORADAS AGORA TAMBÉM VêS BACORADAS AHAHAHA VAI LÁ VER OS MENINOS GRUNHOS A FINGIR DAR PORRADA Ó CROMO AHAHAHAHAH!!!
O "comentário" do "anónimo" fala por si.
"Wrestling é coisa que nem os putos vão nisso?". Bem, no que é que o "anónimo" se baseia para dizer isso com tanta certeza?
É que "comentários" destes, e ainda por cima "anónimos" como este, não são nada além de "bacoradas".
E, a propósito, quem é que é "grunho", quem é?
Vitorino
Agora para a Leo:
Desta vez foste tu quem me deixaste confuso.
No comments porquê?
Porque o assunto não merece comments (pelos vistos merece, e anónimos, como convém).
Ou pela minha abordagem ao tema?
Vitorino
A propósito:
Recebi um email de alguém que é contra as touradas, com a seguinte argumentação:
«Somos seres humanos, e dizemos que somos inteligentes, mas um ser
inteligente evolui não continua a admirar tradições deprimentes que
começaram quando ainda eramos uns trogloditas!! O filme que está no
youtube, tb akilo era uam tradição e ainda é em muitos paises, paises
de 3º mundo!!!!»
"Akilo" a que se refere a mensagem é um apedrejamento. O filme está em
http://www.youtube.com/watch?v=EzQ_NBV5Z4g
Claro que, se eu quisesse elevar o nível da discussão, primeiro insultava quem me enviou o mail e depois acrescentava que "nem os putos levam a sério essa coisa das touradas" (podia sempre acrescentar que isso dos apedrejamentos também não, até porque não se usam entre nós).
E ficávamos conversados. Eu a achar que sim senhor, devemos continuar a ser trogloditas, porque não, é assim a vida, e é assim a imutável "natureza humana" não é?; a pessoa que me enviou a mensagem a enviar a mesma mensagem a outros; e, enfim, os trogloditas a serem trogloditas, todos satisfeitos por viverem num mundo onde podem ser trogloditas sem que ninguém os chateie por isso!
Vitorino
Provavelmente há público para estas "palhaçadas" (sem querer faltar ao respeito aos palhaços, profissionais e amadores...), pelo que não vale a pena sequer armar-me em moralista ou outra coisa acabada em "ista"...
É o espectáculo no século XXI, no seu melhor, e importado da "terra dos sonhos" do senhor "buch"...
Luís Éme:
Uma das coisas que me fascina neste negócio do "wrestling" é o facto de não ser propriamente nada de novo. É uma imitação do circo de gladiadores da antiga Roma, nem mais nem menos!
Acreditem ou não, é mesmo isso. Uma fórmula de sucesso, recuperada mais de 2 mil anos depois!
O grande espectáculo, as grandes encenações, até o facto de serem "combates" combinados e o facto de os "lutadores" serem grandes "superstars" (logo, não poderem morrer em cena, assim sem mais nem menos) e terem até marketing próprio e clubes de fans - tudo isso já existia no circo romano.
Existem estudos, apoiados em documentação e provas arqueológicas, que documentam isso mesmo.
Existem grafitis daquela época, com imagens de lutadores (exactamente: marketing para os clubes de fans).
(Quem duvida do que eu estou a dizer, vá documentar-se, faça as devidas comparações e tire as conclusões que quiser tirar, ou não tire conclusões nenhumas... mas não me chamem moralista antes de saberem se tenho ou não razão nisto que estou a afirmar, ok?)
Pois, e essa ideia de que os combates no circo romano eram sempre até à morte não corresponde à realidade.
Havia alguns, sim. Mas, ao que parece, a maior parte das vezes em que isso acontecia, era até um dos gladiadores mais "famosos" que acabava por "despachar" um qualquer "novato".
De preferência que fosse um dissidente político.
A única diferença é que agora, mais de 2 mil anos depois, "é tudo a brincar".
Agora, o que me chateia mesmo é ver que, mais uma vez, os que são contra os espectáculos baseados em "tradições bárbaras" não mostram nenhuma espécie de incómodo com este "novo" tipo de espectáculo, que reproduz (embora "a brincar", já sabemos) uma antiga "tradição bárbara".
Em que ficamos, então?
Se passarmos a ter touradas em que as bandarilhas tenham ventosas nas pontas, em vez de farpas, a tourada passa a ser aceitável? Não continua a ter a mesma carga simbólica, de domínio da natureza irracional pelo homem, ser superior?
E o wrestling, porque é "a brincar", não continua a ter o mesmo simbolismo dos antigos combates de gladiadores (e nem me vou dar ao trabalho de explicar que "simbolismo" é esse... é tão óbvio!).
São estas coisas eu não percebo, a sério!
Mas também ainda não vi ninguém tentar aproximar-se, sequer, de uma explicação.
Vitorino
Ola Antonio, obrigada pelo seu comentário num dos meus blogs de animais.Mas há uma coisa que não entendo no seu comentário.Acho este "desporto" lastimavel, mas o que tem a ver com a defesa dos animais?Mais , neste "desporto" só entra quem quer, mas no caso dos animais, a opção de participarem em maus tratos não é deles de certeza.
Olá, "mancholas".
Obrigado pelo seu comentário. Ele coloca precisamente uma das questões que eu gostaria de debater com os militantes da defesa dos animais.
É verdade que nas touradas (e no circo tradicional) os animais são abusados sem terem direito de escolha, contrariamente ao que acontece neste "circo" (não lhe chame "desporto, por favor - nem entre aspas - porque aquela "coisa" cada vez tem menos a ver com simulação de combates de luta livre...), onde os "artistas" são todos voluntários.
Isso é evidente..
Mas eu posso contrapor que em ambos os casos se trata de espectáculos violentos ("bárbaros", como os defensores dos animais catalogam as touradas e o circo tradicionais), com a diferença de que:
- A tourada simboliza a vitória do homem "civilizado" sobre a força bruta, tem algo de artístico e mesmo algo de religioso (não significa qu eu goste ou esteja de acordo, ok?); o "wrestling", pelo menos tal como é hoje, não significa mais nada senão a glorificação da "força bruta".
- A tourada é, cada vez mais, um espectáculo de elites (pelo menos nos meios urbanos). Sou quase capaz de apostar que o "melhor" cartaz taurino não enchia uma única vez o Pavilhão Atlântico. O "wrestling" esgotou a lotação (e em poucos dias...) não uma, mas duas vezes.
E veja a quem é dirigido o "marketing" de cada um dos tipos de espectáculo.
Não dá que pensar, pelo menos?
- Se eu não gostar de tourada ninguém diz que eu sou anormal. Se disser alguma coisa que ofenda os apreciadores do "wrestling" estou a ser politicamente incorrecto, para não dizer que sou um "menino" (isso é anedota, mas enfim...).
Há uma série de coisas que eu gostaria que me explicassem. Fica talvez para outra ocasião. (Até porque agora fiquei mesmo com vontade de voltar a este assunto.)
Vitorino
pá...considera isso um elogio...não é todos os dias que te chamam menino...´heheheheh
Pois, é verdade.
Só que, por via das dúvidas (como se costuma dizer) achei que devia esclarecer que tipo de "menino" sou.
Vitorino
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