Parece que andamos todos muito preocupados com as alterações climáticas, não é? E, enfim, parece que já começamos a entender que quanto mais lixo fizermos, mais desequilibramos o meio ambiente.
Mas, infelizmente, ainda se fazem muitas asneiras - por preguiça, por falta de informação, ou pior, por ganância ou estupidez.
Pena é que o "comum cidadão" não perceba, ou não esteja disposto a perceber, que a culpa não é só, como se costuma dizer "deles" (e, já agora, quando se diz "eles", quem são esses "eles"?).
Muitas pessoas ainda não perceberam que há pequenos gestos que cada um de nós pode fazer para evitar que o nosso planeta se degrade ainda mais.
Porque, se podemos e devemos exigir que "eles" "tomem medidas", também "nós" podemos fazer algumas coisas: procedimentos (que deviam ser) tão básicos e naturais como o que abaixo vai explicado.
Esclarecidos?
Cliquem aqui para verem as mesmas recomendações num artigo da Wikipédia
terça-feira, janeiro 30, 2007
Homenagem ao artista
como dizia um amigo meu
o verdadeiro artista
é aquele que come alpista.
ele dizia isso só para rimar
mas tinha razão:
o verdadeiro artista
além de autista
só é artista
para que lhe dêem a sua ração
de alpista
digo eu.
(então? aplausos para o artista!)
António Vitorino
(Publicado em Outubro de 2003
na colecção Index Poesis, dirigida por Ermelinda Toscano)
o verdadeiro artista
é aquele que come alpista.
ele dizia isso só para rimar
mas tinha razão:
o verdadeiro artista
além de autista
só é artista
para que lhe dêem a sua ração
de alpista
digo eu.
(então? aplausos para o artista!)
António Vitorino
(Publicado em Outubro de 2003
na colecção Index Poesis, dirigida por Ermelinda Toscano)
Para bom entendedor...
não mais corto minhas puras
células vivas das unhas
não mais corto meu cabelo
(traz-me o casaco de pelo)
A.V.
células vivas das unhas
não mais corto meu cabelo
(traz-me o casaco de pelo)
A.V.
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Fedorento
"O nosso objectivo principal não é chocar.
Não é chocar nem é nenhum."
Ricardo Pereira, do Gato Fedorento, no Programa do Provedor do Telespectador.
RTP, 28 Janeiro 2007.
Comentário meu:
Ele o disse.
Eu já desconfiava. Contudo, dito na TV pelo humorista inteligente, passa a ser uma confirmação oficial.
Mas cala-te boca. Porque, prontos, é mesmo disto que a gente gosta, não é?
Não é chocar nem é nenhum."
Ricardo Pereira, do Gato Fedorento, no Programa do Provedor do Telespectador.
RTP, 28 Janeiro 2007.
Comentário meu:
Ele o disse.
Eu já desconfiava. Contudo, dito na TV pelo humorista inteligente, passa a ser uma confirmação oficial.
Mas cala-te boca. Porque, prontos, é mesmo disto que a gente gosta, não é?
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deves estar a gozar comigo
sexta-feira, janeiro 26, 2007
FIM DE SEMANA (aviso: este texto contém expressões brejeiras)
sexta-feira, para esquecer a merda
do trabalho
e o cabrão
do patrão
joga-se no euromilhões e depois
vai-se ao café beber uns copos.
sábado, para esquecer a merda
da ressaca,
joga-se no totoloto.
sábado à noite, para esquecer a merda
do azar,
que não há maneira de nos sair o totoloto
já para não falar do euromilhões,
vai-se ao café beber uns copos.
domingo, para esquecer a merda
da ressaca de sábado à noite,
fica-se em casa a ver o benfica.
domingo mais à noite, para esquecer a merda
da derrota do benfica,
vai-se ao café beber uns copos
e dizer mal da merda do sporting, que empatou,
e da merda do árbitro
que inventou um penalty a favor da merda do porto.
segunda-feira, não há maneira de esquecer
a merda da ressaca
a merda do trabalho
e o cabrão
do patrão.
António Vitorino, esse lampião
(e, se ainda pensam que é um insulto, procurem num dicionário a definição de lampião e tenham mas é juízo).
Glorioso só há um:
SLB e mais nenhum
Muito democraticamente, tomem lá também:
Sporting CP
FC Porto
Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol
do trabalho
e o cabrão
do patrão
joga-se no euromilhões e depois
vai-se ao café beber uns copos.
sábado, para esquecer a merda
da ressaca,
joga-se no totoloto.
sábado à noite, para esquecer a merda
do azar,
que não há maneira de nos sair o totoloto
já para não falar do euromilhões,
vai-se ao café beber uns copos.
domingo, para esquecer a merda
da ressaca de sábado à noite,
fica-se em casa a ver o benfica.
domingo mais à noite, para esquecer a merda
da derrota do benfica,
vai-se ao café beber uns copos
e dizer mal da merda do sporting, que empatou,
e da merda do árbitro
que inventou um penalty a favor da merda do porto.
segunda-feira, não há maneira de esquecer
a merda da ressaca
a merda do trabalho
e o cabrão
do patrão.
António Vitorino, esse lampião
(e, se ainda pensam que é um insulto, procurem num dicionário a definição de lampião e tenham mas é juízo).
Glorioso só há um:
SLB e mais nenhum
Muito democraticamente, tomem lá também:
Sporting CP
FC Porto
Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol
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quinta-feira, janeiro 25, 2007
A causa das coisas
(e se este título vos fizer lembrar outra qualquer coisa, olha, paciência...)
a maçã que eu encontrei hoje debaixo da cama
só lá foi parar porque eu a deixei cair
há dois dias atrás e me esqueci dela
até que hoje não sei porquê
espreitei para debaixo da cama
e lá estava ela a maçã que eu encontrei
hoje debaixo da cama.
é claro que se eu não tivesse espreitado
para debaixo da cama
a esta hora ela ainda lá estaria
a maçã que hoje eu encontrei debaixo da cama.
só não está lá ainda porque hoje
não sei porquê eu espreitei para debaixo da cama e
a encontrei.
se eu não tivesse tirado de baixo da cama
a maçã que hoje encontrei debaixo da cama
a esta hora ela ainda lá estaria
por baixo da cama.
e isto é como tudo na vida.
A. Vitorino
a maçã que eu encontrei hoje debaixo da cama
só lá foi parar porque eu a deixei cair
há dois dias atrás e me esqueci dela
até que hoje não sei porquê
espreitei para debaixo da cama
e lá estava ela a maçã que eu encontrei
hoje debaixo da cama.
é claro que se eu não tivesse espreitado
para debaixo da cama
a esta hora ela ainda lá estaria
a maçã que hoje eu encontrei debaixo da cama.
só não está lá ainda porque hoje
não sei porquê eu espreitei para debaixo da cama e
a encontrei.
se eu não tivesse tirado de baixo da cama
a maçã que hoje encontrei debaixo da cama
a esta hora ela ainda lá estaria
por baixo da cama.
e isto é como tudo na vida.
A. Vitorino
terça-feira, janeiro 23, 2007
A minha paixão pelo "sport"
(fica assim, "sport", em inglês, para ser entendido por toda a comunidade lusófona)
quando eu li no teletexto do eurosport
o horário de emissão de um jogo
de sepak takraw
fiquei imediatamente de antenas no ar.
ena pá!
que jogo tão interessante!
quer dizer,
o nome do jogo é interessante:
foi o nome do jogo
(repito:
sepak takraw)
o que me fez ficar
de antenas no ar.
afinal (considerei)
não seria essa a vez primeira
que o nome de um jogo me despertava
a vontade de o ver
e talvez mesmo outras coisas,
como se verá.
lembrei-me por exemplo do curling
desporto que desconhecia
embora conhecendo o nome
e quando o vi pela vez primeira
automaticamente e sem reservas me apaixonei
pela equipa feminina da noruega
(quero dizer, apaixonei-me mesmo pela equipa feminina inteira
o que inclui a feiosa da capitã dordi nordby
- mas, verdade seja dita, isso foi há uns anos
e a equipa era diferente
só a capitã era a mesma).
mas pronto, confesso:
eu sou um coração mole
e isto é defeito que tenho desde pequenino
desde o tempo oh esse tempo
em que me apaixonei por uma tal de nadia comaneci
(sim esse tempo... pois
eu e mais uns tantos milhões
de jovenzinhos imberbes)
e ai de mim só sabia que ela era ginasta
mas sabia lá eu que modalidade ela praticava
(fiquei a sabê-lo mais tarde
quando me apaixonei por uma professora
de ginástica rítmica desportiva , e...)
mas espera aí estava eu aqui
a falar do
quê? ah pois do
sepak
takraw.
então, munido desse nome tão promissor
liguei-me ao eurosport. e
ena pá!
que grande jogo:
é como aquelas brincadeiras que se fazem na areia
quando jogamos vólei só com os pés
mas ali (numa final)
o jogo era jogado em pavilhão
e jogado muito a sério
com muita garra
muita concentração
muita (porque não dizê-lo?) algazarra
e muita determinação.
frente a frente as equipas femininas
da tailândia
e do vietname.
como era de esperar, apaixonei-me pelas duas.
António Vitorino
E agora, vocês querem
mais Curling?:
World Curling Federation
mais Sepak Takraw?:
www.geocities.co.jp/Colosseum-Acropolis/2678/english/whatsepa.html
Fotos e vídeos (Real Player) em:
Pusan Web - Asian Games 2002
ou mais Nadia Comaneci?:
Fan Club (página não oficial)
Já agora, apresento-vos a sua grande rival (ou talvez antecessora seja o termo mais correcto), Olga Korbut:
www.olgakorbut.com
Wikipedia
quando eu li no teletexto do eurosport
o horário de emissão de um jogo
de sepak takraw
fiquei imediatamente de antenas no ar.
ena pá!
que jogo tão interessante!
quer dizer,
o nome do jogo é interessante:
foi o nome do jogo
(repito:
sepak takraw)
o que me fez ficar
de antenas no ar.
afinal (considerei)
não seria essa a vez primeira
que o nome de um jogo me despertava
a vontade de o ver
e talvez mesmo outras coisas,
como se verá.
lembrei-me por exemplo do curling
desporto que desconhecia
embora conhecendo o nome
e quando o vi pela vez primeira
automaticamente e sem reservas me apaixonei
pela equipa feminina da noruega
(quero dizer, apaixonei-me mesmo pela equipa feminina inteira
o que inclui a feiosa da capitã dordi nordby
- mas, verdade seja dita, isso foi há uns anos
e a equipa era diferente
só a capitã era a mesma).
mas pronto, confesso:
eu sou um coração mole
e isto é defeito que tenho desde pequenino
desde o tempo oh esse tempo
em que me apaixonei por uma tal de nadia comaneci
(sim esse tempo... pois
eu e mais uns tantos milhões
de jovenzinhos imberbes)
e ai de mim só sabia que ela era ginasta
mas sabia lá eu que modalidade ela praticava
(fiquei a sabê-lo mais tarde
quando me apaixonei por uma professora
de ginástica rítmica desportiva , e...)
mas espera aí estava eu aqui
a falar do
quê? ah pois do
sepak
takraw.
então, munido desse nome tão promissor
liguei-me ao eurosport. e
ena pá!
que grande jogo:
é como aquelas brincadeiras que se fazem na areia
quando jogamos vólei só com os pés
mas ali (numa final)
o jogo era jogado em pavilhão
e jogado muito a sério
com muita garra
muita concentração
muita (porque não dizê-lo?) algazarra
e muita determinação.
frente a frente as equipas femininas
da tailândia
e do vietname.
como era de esperar, apaixonei-me pelas duas.
António Vitorino
E agora, vocês querem
mais Curling?:
World Curling Federation
mais Sepak Takraw?:
www.geocities.co.jp/Colosseum-Acropolis/2678/english/whatsepa.html
Fotos e vídeos (Real Player) em:
Pusan Web - Asian Games 2002
ou mais Nadia Comaneci?:
Fan Club (página não oficial)
Já agora, apresento-vos a sua grande rival (ou talvez antecessora seja o termo mais correcto), Olga Korbut:
www.olgakorbut.com
Wikipedia
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segunda-feira, janeiro 22, 2007
ISTO NÃO SE FAZ A UM POETA!!!
estava eu, antónio vitorino
tentando afiar a ponta romba
do meu gasto intelecto
com o mui legítimo propósito de compôr
mais uma composição poética
eis senão quando
(eis senão quando fica sempre bem num poema
principalmente se for um poema prosaico
como desgraçadamente são os meus)
eis
(dizia)
senão quando
o meu dedo indicador, que é estúpido
carrega distraidamente no comando
da caixa que mudou o mundo
(irra! que é prosaico
escreve lugares-comuns e ainda por cima
usa o indicador em vez de usar o polegar)
e
(eis senão quando, ora bem)
aparece no écran
um filme
com o humphrey bogart
e a lauren bacall
e
ass
im
já
...
não
cons
i
go
esc
rre
ver
...
(hã? agora estou ocupado, tchau)
António Vitorino (o autor desta posta convida-vos a ver também:
www.humphreybogart.com/
www.laurenbacall.com/
www.thesantana.com/history/bogartBacall.html)
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Um rapaz brilhante
eu só não sei ser sincero
como convém ao poeta
mas não sou nada intrigante.
posso ser algo irritante
e quando menos o espero
acertar feito profeta
nas palpitações da vida:
quando acerto acerto a eito.
mas tu não tens o direito
de me considerar pedante:
chamaste-me extravagante?
eu cá já não desespero
com opiniões insuspeitas:
essa coisa já me enfada
não lhe dou valor nem nada.
eu sou afinal um vero
artífice das provetas
de uma poesia fingida:
os meus versos só enfeito
com uma vida sem proveito.
não faças pois peixeirada
por eu ter uma noitada.
só na noite eu me esmero:
a noite é minha placenta
à qual regresso durante
toda a noite e alvorada.
eu bebo o vinho de homero
sempre que em mim algo intenta
dar-me lições de sofrida
poesia que muito enjeito.
tenho um brilho no meu peito
posto que à noite me enfeito.
eu sempre à noite me activo:
sou poeta radioactivo
já ninguém me ensina nada.
eu sou um rapaz brilhante:
recolho de madrugada.
Affonso Gallo
Vladimir Maiakovski na Ponte de Brooklyn
saúde industrial!
aviões que devem ser para todos!
lâmpadas eléctricas! (a poesia é
o poder do aço temperado pelos homens
e a iluminação do mundo)
mordo fortemente a maçã do júbilo
alegro-me por estar aqui
onde quem não quer morrer de fome cai de cabeça
nas águas oh tão sujas do moderno rio hudson
e onde os fios eléctricos dão à morte um tom mais brilhante
milhares de vóltios a brincar no corpo do condenado.
alegro-me por estar aqui
onde a gigantesca pata central de manhattan
faz amor com a despudorada brooklyn
e os comboios subterrâneos também dão razão a freud
e os altos edifícios também dão razão a freud.
eia maiakovski! quando uma coisa parece ser boa
parece mesmo ser boa, não é?
António Vitorino
"A Ponte de Brooklyn", poema de Vladimir Maiakovski
(fac-simile, em Russo e Inglês)
Mais sobre Vladimir Maiakovski:
www.lumiarte.com/luardeoutono/rusindex.html
br.geocities.com/edterranova/maialivros.htm
poeticas.es/?p=203
aviões que devem ser para todos!
lâmpadas eléctricas! (a poesia é
o poder do aço temperado pelos homens
e a iluminação do mundo)
mordo fortemente a maçã do júbilo
alegro-me por estar aqui
onde quem não quer morrer de fome cai de cabeça
nas águas oh tão sujas do moderno rio hudson
e onde os fios eléctricos dão à morte um tom mais brilhante
milhares de vóltios a brincar no corpo do condenado.
alegro-me por estar aqui
onde a gigantesca pata central de manhattan
faz amor com a despudorada brooklyn
e os comboios subterrâneos também dão razão a freud
e os altos edifícios também dão razão a freud.
eia maiakovski! quando uma coisa parece ser boa
parece mesmo ser boa, não é?
António Vitorino
"A Ponte de Brooklyn", poema de Vladimir Maiakovski
(fac-simile, em Russo e Inglês)
Mais sobre Vladimir Maiakovski:
www.lumiarte.com/luardeoutono/rusindex.html
br.geocities.com/edterranova/maialivros.htm
poeticas.es/?p=203
terça-feira, janeiro 16, 2007
Escrever poemas é como andar de bicicleta
aí estás: equilibras-te nas duas rodas do poema
mas (aí está) já te esqueceste.
catrapimba!
(é o som que fazes quando bates com o focinho no chão)
depois lembras-te:
"há quase mais de um século que não escrevo"
mas é preciso considerar que:
a frase é infeliz & até pouco original
& um poeta sem dentes não fala assim.
António Vitorino
(um poema escrito em Outubro de 1997, para o fanzine Bicicletcetera, editado por Jorge Feliciano na Feira Internacional do Fanzine - Almada, Dezembro desse mesmo ano)
sexta-feira, janeiro 12, 2007
E pronto agora já podes chorar
e pronto agora
encerraste os teus lírios na camera obscura
do esquecimento e pronto agora
ranges dentes apertas parafusos
no cérebro no torno regulas o torniquete
que evita o jorro de palavras necessárias
para que te possas entender quem és
quem pois estás a ser que peixes voadores
pululam teus tropismos ou teu sal
de lágrimas que evitas de águas perdidas
de silêncios na volta do fumo para casa
do mar. e pronto agora
agora já podes mudar a cor do rosto
e já podes apertar a porca regular o torniquete
da tua inquisição metódica teu índex
teu ódio teu pesar. e pronto agora
agora que desistes e te fechas no teu quarto
mostra ao mundo a massa de que é feito um poeta.
agora já podes chorar.
António Vitorino
(Janeiro 1997)
encerraste os teus lírios na camera obscura
do esquecimento e pronto agora
ranges dentes apertas parafusos
no cérebro no torno regulas o torniquete
que evita o jorro de palavras necessárias
para que te possas entender quem és
quem pois estás a ser que peixes voadores
pululam teus tropismos ou teu sal
de lágrimas que evitas de águas perdidas
de silêncios na volta do fumo para casa
do mar. e pronto agora
agora já podes mudar a cor do rosto
e já podes apertar a porca regular o torniquete
da tua inquisição metódica teu índex
teu ódio teu pesar. e pronto agora
agora que desistes e te fechas no teu quarto
mostra ao mundo a massa de que é feito um poeta.
agora já podes chorar.
António Vitorino
(Janeiro 1997)
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Homenagem aos normais
joaquim (para os amigos o quinzinho)
rapaz de bom porte, de voz grossa
testa baixa e sangue na guelra
é um jovem português normal.
joaquim (o quinzinho) como qualquer jovem português normal
gosta de carros rápidos, gajas descomplicadas e aberturas fáceis.
há dias abriu a abertura fácil de um carro rápido
que (sorte a dele) era de um amigo mas que
(azar o dele) espatifou contra um separador central
mas não faz mal, que o pai paga.
há dias descobriu que a gaja descomplicada
que andava a foder está mesmo grávida
e porque não está cá para aturar putos
quer obrigá-la a fazer um aborto
(um aborto clandestino, que é como se faz em portugal
ou numa clínica em badajoz, que fica já em espanha,
tanto faz)
mas não faz mal, que o pai paga.
ontem mesmo foi apanhado
dentro de uma casa de abertura fácil
onde entrou com o justificado fim de arranjar dinheiro
para a droga que todos os dias tem de enfiar na veia,
o toxicodependente doentinho
coitadinho.
agora não lhe vão dar uma "sala de chuto"
que isso não existe em portugal
(quem quiser que chute na rua que é bem mais seguro e higiénico
não é?)
mas vão obrigá-lo a fazer uma cura,
coitadinho.
mas não faz mal, que o pai paga.
e é este jovem português normal que passa por mim na rua
e me diz: tu não vales um caralho.
pois não.
eu não sou jovem. nem português. nem normal.
um jovem português normal, esse sim, vale um caralho.
António Vitorino
(Julho 2003)
(ps, de 2007: mas isso não justifica a hipocrisia
e a leviandade
com que em portugal se tratam assuntos sérios
como o aborto
ou a toxicodependência;
hipocrisia e leviandade que só contribuem
para aumentar o número de "jovens portugueses normais"
como o quinzinho)
rapaz de bom porte, de voz grossa
testa baixa e sangue na guelra
é um jovem português normal.
joaquim (o quinzinho) como qualquer jovem português normal
gosta de carros rápidos, gajas descomplicadas e aberturas fáceis.
há dias abriu a abertura fácil de um carro rápido
que (sorte a dele) era de um amigo mas que
(azar o dele) espatifou contra um separador central
mas não faz mal, que o pai paga.
há dias descobriu que a gaja descomplicada
que andava a foder está mesmo grávida
e porque não está cá para aturar putos
quer obrigá-la a fazer um aborto
(um aborto clandestino, que é como se faz em portugal
ou numa clínica em badajoz, que fica já em espanha,
tanto faz)
mas não faz mal, que o pai paga.
ontem mesmo foi apanhado
dentro de uma casa de abertura fácil
onde entrou com o justificado fim de arranjar dinheiro
para a droga que todos os dias tem de enfiar na veia,
o toxicodependente doentinho
coitadinho.
agora não lhe vão dar uma "sala de chuto"
que isso não existe em portugal
(quem quiser que chute na rua que é bem mais seguro e higiénico
não é?)
mas vão obrigá-lo a fazer uma cura,
coitadinho.
mas não faz mal, que o pai paga.
e é este jovem português normal que passa por mim na rua
e me diz: tu não vales um caralho.
pois não.
eu não sou jovem. nem português. nem normal.
um jovem português normal, esse sim, vale um caralho.
António Vitorino
(Julho 2003)
(ps, de 2007: mas isso não justifica a hipocrisia
e a leviandade
com que em portugal se tratam assuntos sérios
como o aborto
ou a toxicodependência;
hipocrisia e leviandade que só contribuem
para aumentar o número de "jovens portugueses normais"
como o quinzinho)
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De pequenino se troce o pepino
quando esta criancinha começou a articular as primeiras sílabas
o papá todo babado
achou muito engraçado
ensinar esta criancinha a dizer uma palavra muito simples
e muito gira:
ca-ra-lho.
vá lá, repete com o papá:
ca
(ca)
ra
(ra)
lho
(lho).
muito bem! agora tudo junto vai:
ca-ra-lho!
(ca-ra-lho!)
sim senhor que grande homem
que grande homem vamos nós ter aqui!
diz o papá
todo babado.
desde esse dia o papá todo babado
continuou a encorajar o filho a dizer caralho
até o filho já não precisar de ajuda
para dizer caralho
e outras palavras sobre outras partes e funções do corpo
que entretanto foi aprendendo
(as palavras, não o corpo nem as funções
pois isso era tabú para o papá babado
e se era tabú para o papá babado
era tabú para toda a gente lá em casa).
acontece que um belo dia
(porque estas coisas, já se sabe, acontecem sempre em belos dias)
havia visitas lá em casa
e esta criancinha
toda contentinha
quis mostrar aos convidados as palavras que já sabia
tais como
papá
mamã
e
caralho.
é claro que levou logo um par de tabefes
muito bem assentes na cara
que o papá não está cá para aturar
faltas de respeito em frente às visitas.
portanto (aprendeu a criancinha)
podemos dizer caralho sempre que quisermos
a não ser que haja visitas em casa,
certo?
errado.
o papá ficou tão lixado
que desde esse dia em diante começou a ter mais
cuidado
(não o "cuidado" que era o que chamava ao coito interrompido
sempre que ía às putas
mas outra espécie de cuidado
muito mais moralizado)
e passou então a aplicar regras lá em casa:
as regras do papá.
(nessa altura, um papá já não tão babado
a não ser quando chegava a casa com uma bebedeira de cair para o lado.)
as regras do papá eram:
se o papá estava bem disposto
brincava com o menino
apaparicava o menino
deixava o menino fazer tudo
e mais alguma coisa porque
deixa lá o menino (não vês que é pequenino?)
ai meu rico menino
que é tão engraçadinho
diz lá aquilo que o papá quer ouvir:
caralhinho!
muito bem! lindo menino!
mas se o papá chegava a casa mal disposto
a coisa dava para o torto
e lá estava o menino
tão engraçadinho
e tão pequenininho
a levar porrada de meia-noite
porque fez qualquer gracinha
e o papá não gostou
e o papá não gostou não por causa da gracinha
mas só mesmo porque o papá estava mal disposto.
portanto (aprendeu o menino)
é preciso ter cuidado
não com aquilo que faço
mas com a ocasião em que o faço
não vá o papá estar mal disposto
não vá o papá estar atravessado
(ensinamento que lhe foi muito útil
pela vida fora
desde que, num desenvolvimento lógico,
o generalizou desta maneira:
posso portanto fazer toda a merda de que for capaz
e que me apeteça
desde que mal não pareça
desde que o papá não apareça
desde que eu não seja apanhado).
foram coisas como estas que fizeram o menino
crescer tão trocidinho
pois de pequenino se troce o pepino
diz o povo
e diz o papá do menino.
já quanto à mãe do menino (falemos dela)
ao princípio ainda tentou fazer alguma coisa
para refrear a selvajaria
do imbecil do seu marido.
mas quê, uma mulher?
uma mulher não tem direitos.
uma mulher não pode fazer nada.
uma mulher é para ficar em casa
a coser meias
ou ir trabalhar se for mesmo preciso mas depois chegar a casa
fazer o jantar ao marido
e ficar de bico calado.
se não, está o caldo entornado:
o caldo a ferver em cima da gaja
o azeite a ferver em cima da gaja
as tareias de cinto mas isso ainda é o menos
que a gaja tem bom corpo e aguenta bem
e outras coisas que não vou referir
mas que deixaram marcas
(marcas, por exemplo, de cutelo na parede de uma casa)
até que a mulher enfim vencida
se remeteu ao seu papel
de mulher:
levar porrada
e ficar calada.
e ela resignou-se de tal forma
horrenda
e foi de tal maneira rebaixada
humilhada
e espancada
que chegou mesmo a convencer-se que isso é o normal
ou seja
que quem lhe diz que as coisas podem ser de outro modo
e devem ser de outro modo
e, mais do que dizer, dá o exemplo e faz as coisas de outro modo
é anormal
e deve ser tratado como tal:
como anormal.
ora, isto foi outro ensinamento
que se veio a revelar muito útil para o menino
que começava, por esta altura, a ficar
um lindo menino.
então
e para resumir
(até porque existe aqui um lapso de tempo
cujos acontecimentos não vivi e como tal
apenas posso presumir)
o lindo menino tornou-se um homem português normal:
um gajo, foda-se!, que é um homem a sério, caralho!
um gajo que faz o que lhe apetece
desde que não seja apanhado
e ninguém tem nada a ver com isso
até porque ele é para toda a gente um tipo simpático
que dá porrada na mulher mas já se sabe
entre marido e mulher
ninguém mete a colher
a não ser o próprio (a colher
o limão, a seringa e o resto)
e até tem um bom emprego
onde é muito respeitado
quer dizer, tinha, porque agora o que ganhava já não chega
para comprar a droga que coitadinho tem de injectar na veia
todos os dias
e então não lhe resta outra escolha
tem mesmo coitadinho que ir roubar
e assaltar
e mais uma vez dar porrada na mulher
quando a mulher não lhe dá todo o dinheiro
de que ele precisa
para continuar a injectar
o pobrezinho
do agarradinho
que está muito doentinho
coitadinho (diz o papá
e lamenta a mamã).
e é este jovem português normal
que com grande arrogância (o valente!) se vira para mim
e me diz "tu não vales um caralho".
pois.
eu não sou jovem. nem português. nem normal.
ele (que pelos vistos é essas coisas todas)
ele sim, vale um caralho.
e mais não vale
pois foi só isso que lhe ensinaram
e mais do que isso ele não quis
ou não conseguiu
ser:
é um caralho
e mais nada.
António Vitorino
(ps: para dizer a verdade
o que contei nesta memória
não é da estória sequer a metade)
o papá todo babado
achou muito engraçado
ensinar esta criancinha a dizer uma palavra muito simples
e muito gira:
ca-ra-lho.
vá lá, repete com o papá:
ca
(ca)
ra
(ra)
lho
(lho).
muito bem! agora tudo junto vai:
ca-ra-lho!
(ca-ra-lho!)
sim senhor que grande homem
que grande homem vamos nós ter aqui!
diz o papá
todo babado.
desde esse dia o papá todo babado
continuou a encorajar o filho a dizer caralho
até o filho já não precisar de ajuda
para dizer caralho
e outras palavras sobre outras partes e funções do corpo
que entretanto foi aprendendo
(as palavras, não o corpo nem as funções
pois isso era tabú para o papá babado
e se era tabú para o papá babado
era tabú para toda a gente lá em casa).
acontece que um belo dia
(porque estas coisas, já se sabe, acontecem sempre em belos dias)
havia visitas lá em casa
e esta criancinha
toda contentinha
quis mostrar aos convidados as palavras que já sabia
tais como
papá
mamã
e
caralho.
é claro que levou logo um par de tabefes
muito bem assentes na cara
que o papá não está cá para aturar
faltas de respeito em frente às visitas.
portanto (aprendeu a criancinha)
podemos dizer caralho sempre que quisermos
a não ser que haja visitas em casa,
certo?
errado.
o papá ficou tão lixado
que desde esse dia em diante começou a ter mais
cuidado
(não o "cuidado" que era o que chamava ao coito interrompido
sempre que ía às putas
mas outra espécie de cuidado
muito mais moralizado)
e passou então a aplicar regras lá em casa:
as regras do papá.
(nessa altura, um papá já não tão babado
a não ser quando chegava a casa com uma bebedeira de cair para o lado.)
as regras do papá eram:
se o papá estava bem disposto
brincava com o menino
apaparicava o menino
deixava o menino fazer tudo
e mais alguma coisa porque
deixa lá o menino (não vês que é pequenino?)
ai meu rico menino
que é tão engraçadinho
diz lá aquilo que o papá quer ouvir:
caralhinho!
muito bem! lindo menino!
mas se o papá chegava a casa mal disposto
a coisa dava para o torto
e lá estava o menino
tão engraçadinho
e tão pequenininho
a levar porrada de meia-noite
porque fez qualquer gracinha
e o papá não gostou
e o papá não gostou não por causa da gracinha
mas só mesmo porque o papá estava mal disposto.
portanto (aprendeu o menino)
é preciso ter cuidado
não com aquilo que faço
mas com a ocasião em que o faço
não vá o papá estar mal disposto
não vá o papá estar atravessado
(ensinamento que lhe foi muito útil
pela vida fora
desde que, num desenvolvimento lógico,
o generalizou desta maneira:
posso portanto fazer toda a merda de que for capaz
e que me apeteça
desde que mal não pareça
desde que o papá não apareça
desde que eu não seja apanhado).
foram coisas como estas que fizeram o menino
crescer tão trocidinho
pois de pequenino se troce o pepino
diz o povo
e diz o papá do menino.
já quanto à mãe do menino (falemos dela)
ao princípio ainda tentou fazer alguma coisa
para refrear a selvajaria
do imbecil do seu marido.
mas quê, uma mulher?
uma mulher não tem direitos.
uma mulher não pode fazer nada.
uma mulher é para ficar em casa
a coser meias
ou ir trabalhar se for mesmo preciso mas depois chegar a casa
fazer o jantar ao marido
e ficar de bico calado.
se não, está o caldo entornado:
o caldo a ferver em cima da gaja
o azeite a ferver em cima da gaja
as tareias de cinto mas isso ainda é o menos
que a gaja tem bom corpo e aguenta bem
e outras coisas que não vou referir
mas que deixaram marcas
(marcas, por exemplo, de cutelo na parede de uma casa)
até que a mulher enfim vencida
se remeteu ao seu papel
de mulher:
levar porrada
e ficar calada.
e ela resignou-se de tal forma
horrenda
e foi de tal maneira rebaixada
humilhada
e espancada
que chegou mesmo a convencer-se que isso é o normal
ou seja
que quem lhe diz que as coisas podem ser de outro modo
e devem ser de outro modo
e, mais do que dizer, dá o exemplo e faz as coisas de outro modo
é anormal
e deve ser tratado como tal:
como anormal.
ora, isto foi outro ensinamento
que se veio a revelar muito útil para o menino
que começava, por esta altura, a ficar
um lindo menino.
então
e para resumir
(até porque existe aqui um lapso de tempo
cujos acontecimentos não vivi e como tal
apenas posso presumir)
o lindo menino tornou-se um homem português normal:
um gajo, foda-se!, que é um homem a sério, caralho!
um gajo que faz o que lhe apetece
desde que não seja apanhado
e ninguém tem nada a ver com isso
até porque ele é para toda a gente um tipo simpático
que dá porrada na mulher mas já se sabe
entre marido e mulher
ninguém mete a colher
a não ser o próprio (a colher
o limão, a seringa e o resto)
e até tem um bom emprego
onde é muito respeitado
quer dizer, tinha, porque agora o que ganhava já não chega
para comprar a droga que coitadinho tem de injectar na veia
todos os dias
e então não lhe resta outra escolha
tem mesmo coitadinho que ir roubar
e assaltar
e mais uma vez dar porrada na mulher
quando a mulher não lhe dá todo o dinheiro
de que ele precisa
para continuar a injectar
o pobrezinho
do agarradinho
que está muito doentinho
coitadinho (diz o papá
e lamenta a mamã).
e é este jovem português normal
que com grande arrogância (o valente!) se vira para mim
e me diz "tu não vales um caralho".
pois.
eu não sou jovem. nem português. nem normal.
ele (que pelos vistos é essas coisas todas)
ele sim, vale um caralho.
e mais não vale
pois foi só isso que lhe ensinaram
e mais do que isso ele não quis
ou não conseguiu
ser:
é um caralho
e mais nada.
António Vitorino
(ps: para dizer a verdade
o que contei nesta memória
não é da estória sequer a metade)
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vitorinices
sexta-feira, janeiro 05, 2007
Estou aqui com uma dúvida...
Alguém me explica qual é a diferença entre um rolo de "papel de cozinha" e um rolo de "papel higiénico"?
Vejamos: são ambos papel; papel macio, suave e absorvente, enrolado à volta de um tubo de cartão.
A diferença, parece-me, é que um é cortado em rolos mais largos e outro em rolos mais estreitos.
Mas talvez esteja enganado. Porque, ontem, acabou-se o "papel higiénico" e eu substituí-o por "papel de cozinha", não fosse alguém lá em casa ir aflito ao wc sem reparar antes que faltava lá qualquer coisa para limpar o que há a limpar depois de fazermos "as necessidades".
Mas, por ter feito essa reposição, houve logo quem me chamasse maluco (e não era para ter piada, era para ofender: a pessoa que o disse está candidamente convencida que eu o sou - maluco - por ter feito tal coisa).
Portanto, parece-me que ser "normal" é gastar dinheiro em dois tipos de rolo de papel que, embora sendo exactamente iguais excepto na largura, não podem servir para a mesma coisa nem em casos de emergência!... Sim senhor!...
Mas será isso?
Admito que estou confuso.
Não querem comentar, para ver se me ajudam a ficar mais esclarecido?
Vejamos: são ambos papel; papel macio, suave e absorvente, enrolado à volta de um tubo de cartão.
A diferença, parece-me, é que um é cortado em rolos mais largos e outro em rolos mais estreitos.
Mas talvez esteja enganado. Porque, ontem, acabou-se o "papel higiénico" e eu substituí-o por "papel de cozinha", não fosse alguém lá em casa ir aflito ao wc sem reparar antes que faltava lá qualquer coisa para limpar o que há a limpar depois de fazermos "as necessidades".
Mas, por ter feito essa reposição, houve logo quem me chamasse maluco (e não era para ter piada, era para ofender: a pessoa que o disse está candidamente convencida que eu o sou - maluco - por ter feito tal coisa).
Portanto, parece-me que ser "normal" é gastar dinheiro em dois tipos de rolo de papel que, embora sendo exactamente iguais excepto na largura, não podem servir para a mesma coisa nem em casos de emergência!... Sim senhor!...
Mas será isso?
Admito que estou confuso.
Não querem comentar, para ver se me ajudam a ficar mais esclarecido?
segunda-feira, janeiro 01, 2007
A décima-segunda passa
...fico então a pensar que
é dia um de janeiro e eu também
estou apenas a tentar encontrar uma melodia
decente, algo que possa cantar para mim próprio
quando me sentir sozinho. mas isto
não tem assim tanta graça. eu tento
concentrar o olhar na linha do horizonte
que escolhi (um de vários horizontes possíveis)
só mesmo porque essa é uma técnica
que permite ao que a pratica visualizar
um determinado objectivo e assim
imaginar-se a concretizá-lo
antes mesmo de o concretizar
ficando assim mais apto a concretizá-lo.
isto disse-me o baltasar mingo
mas o baltasar mingo ficou lá para trás
preso num lapso de tempo e isso
é que não tem mesmo graça nenhuma.
entretanto esqueci-me de verbalizar este desejo
mas também não prometi nada a ninguém, valha-me isso.
António Vitorino,
no primeiro dia de Janeiro de dois mil e sete, dizem
é dia um de janeiro e eu também
estou apenas a tentar encontrar uma melodia
decente, algo que possa cantar para mim próprio
quando me sentir sozinho. mas isto
não tem assim tanta graça. eu tento
concentrar o olhar na linha do horizonte
que escolhi (um de vários horizontes possíveis)
só mesmo porque essa é uma técnica
que permite ao que a pratica visualizar
um determinado objectivo e assim
imaginar-se a concretizá-lo
antes mesmo de o concretizar
ficando assim mais apto a concretizá-lo.
isto disse-me o baltasar mingo
mas o baltasar mingo ficou lá para trás
preso num lapso de tempo e isso
é que não tem mesmo graça nenhuma.
entretanto esqueci-me de verbalizar este desejo
mas também não prometi nada a ninguém, valha-me isso.
António Vitorino,
no primeiro dia de Janeiro de dois mil e sete, dizem
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