sábado, dezembro 10, 2011

Atacar o parlamento é lutar contra o sistema? Ou é ajudar a acabar com o que resta da democracia?


Como sabem, o modelo neoliberal em que vivemos foi aplicado em primeiro lugar numa ditadura sem partidos (o Chile de Pinochet). A economia neoliberal passa muito bem sem partidos, sem parlamentos, sem democracia. Mas ainda precisa dos governos.

Como certamente já notaram, na Europa está em curso um processo de centralização à volta de um governo europeu (a Comissão Europeia), vassalo do poder financeiro e dirigido politicamente pela Alemanha. Esse governo dá orientações (chamadas directivas comunitárias) aos governos dos estados-membros. Nesse processo foram retirados poderes às instituições democraticamente eleitas: ao Parlamento Europeu mas, principalmente, aos parlamentos nacionais.

A cadeia de comando é: capital financeiro --> comissão europeia --> governos dos estados-membros. Os parlamentos são impecilhos neste processo. Para os neoliberais quanto menos "política" a atrapalhar a mão invisível das forças de mercado, melhor.

E eu sei que os meus esclarecidos e revolucionários amigos sabem isto muito bem. Não quero ensinar a missa ao padre.

Quero é que me expliquem porque - sabendo isto tão bem - não atacam os verdadeiros poderes (o capital financeiro e os seus mandatários do governo) e insistem antes em denegrir o parlamento, a política e os partidos.

Não é para fazerem a vontade ao capitalismo neoliberal, pois não?
Então é para quê?

Nota: escrevi este texto na "rede social" da internet em que participo, e não tinha a intenção de o publicar aqui. Mas decidi dar-lhe mais visibilidade porque até agora ninguém soube (ou quis) responder às perguntas que faço. E estou mesmo interessado em entender. Alguém me esclarece?

(A imagem é do documentário "The Story of Stuff

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