segunda-feira, março 29, 2010
Almada de regresso à rua?
sábado, março 27, 2010
No Dia Mundial do Teatro... poesia!
Actores e declamadores dizem poesia de autores lusófonos, na abertura de um dos painéis do 1º Encontro de Poetas do Mundo em Almada, que está a decorrer no Convento dos Capuchos. É lá, também, que está a ser distribuída a mais recente edição do mais vetusto poezine de Almada - quiçá do país... - Debaixo do Bulcão.
quinta-feira, março 25, 2010
"Atenção putos de Almada e arredores! Querem aprender música?"
Ora bem, "queda para a música" - digamos assim, já que é assim que está na notícia - é algo que, em Almada, existe, e muito, há muito tempo. Nesta cidade (neste Concelho), as principais colectividades, e as mais antigas, tiveram a suas raizes, precisamente, em grupos de música. Veja-se o emblemático caso da mais que centenária Incrível Almadense (e da "sucedânea" - e rival, durante muitas décadas - Academia Almadense). Ou o caso da SFUAP (para não esquecer a outra das "três grandes" do associativismo "tradicional" em Almada).
Cito, a propósito, o site da SFUAP (porque é aquele onde encontrei esta ideia melhor explicada, e só mesmo por isso, ok, pessoal das outras colectividades?):
"A SFUAP deve a sua fundação, em 23 de Outubro de 1889, a um grupo de residentes da Cova da Piedade, na sua maioria operários corticeiros, de um modo geral imbuídos do espírito da época: criar uma banda de música.
No fundo, impulsionada, protegida mesmo, pelo vigoroso amor dos seus fundadores, a colectividade surgiu, precisamente, quando as ideias liberais agitavam os homens de Almada, sofrendo a sua benéfica influência.
Começou com a música, logo alargando a sua actividade ao teatro. Alguns anos mais tarde, face às inúmeras carências de instrução que afligiam a população, a SFUAP enveredou pela instrução criando uma escola com aulas diurnas para crianças e nocturnas para adultos. Três semanas após a abertura da escola nas instalações da sede, as aulas já tinham uma frequência de 110 alunos."
Isto era, por assim dizer, o princípio (aliás, um dos inícios) do que viria a ser um movimento associativo forte, influente e criativo em Almada, cidade e concelho.
A música esteve sempre presente nessa caminhada.
Assim, não é de estranhar que, no princípio dos anos 80 do século 20, quando aparece o chamado "boom" do chamado "rock português", Almada seja - com o Porto - uma das "capitais" do fenómeno. Lembremo-nos de bandas como UHF, Xutos e Pontapés, Iodo, Roquivárius - todas "de referência" nessa época, e algumas ainda em actividade - que nasceram em Almada ou que, de alguma forma, estiveram fortemente ligadas a esta terra.
Ora, o recorte de imprensa é (não sei se já repararam...) de 1982, mais precisamente de dia 25 de Março - ou seja: faz hoje 28 anos que foi publicado. Eu, que gosto muito de aproveitar as "efemérides", lembrei-me de o (re)publicar agora. Mas não é para falar do passado. É para, tendo o passado (a História) como referência, reflectir sobre o que temos hoje, olhando em frente.
Há 28 anos, quem estava a promover aquele curso era uma associação de "novos" (na época) agentes culturais. Uma estrutura que lutava - arduamente e com escassos recursos - em prol de uma mudança de mentalidades na maneira de encarar os assuntos da Cultura e, particularmente, a formação dos animadores culturais. Era uma estrutura que defendia e promovia um trabalho de base, muitas vezes ignorado ou mal visto, para dar formação às pessoas que - em áreas tão distintas como sindicatos, comissões de moradores ou de trabalhadores, escolas, empresas - tentavam, com o que tinham à mão (e muitas vezes sem os conhecimentos técnicos necessários), fazer "trabalho cultural" junto das suas comunidades.
Chamava-se, essa associação, Centro Cultural de Almada. (Eu estive lá, e hei-de contar um pouco da sua história. Mas não aqui nem agora.)
Em 1982, o (ou a) jornalista que escreveu a notícia a que me tenho vindo a referir, julgou importante dar umas "dicas" - com sentido de humor, note-se - para convencer os papás a inscrever as criancinhas no curso. A acção formativa até nem seria muito cara, mas vivia-se um tempo de crise económica, que afectava, muito severamente, o distrito de Setúbal (os anos 80 foram quase tão maus como esta década, nesse aspecto). Ou seja, não havia "massa" - traduzindo: "guito" - para essas coisas do Ensino e da Cultura!
Mas o (ou a) articulista insistia: "Aproveitem uma altura em que eles estejam hipnotizados diante do aparelho de televisão e comecem a falar-lhes no tal curso, garantindo-lhes que ficareis traumatizados para toda a vida se eles se opuserem ao vosso legítimo direito de aprender música. É preciso insistir tanto que eles se vejam perante o risco de perder o programa televisivo".
Que sábias palavras e que douto conselho, ó meus amigos!
Em 1982 eram "os paisinhos" quem ficava frente à televisão - os putos queriam era rua!
Hoje, são "os putos" quem fica frente ao écran. Estão a ver como - citando o Grande Vate - "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"?
Noto que "os putos" daquele tempo estão, supostamente, em vantagem. Porquê? Pois, por isso mesmo: já devem conhecer a técnica para tirar partido de alguém que esteja hipnotizado por um écran. Se, nos oitentas faziam isso com os pais, não conseguem agora fazê-lo com os filhos?
Pois bem, era isto, apenas, o que eu queria dizer. Reflectir sobre o passado para, olhando em frente, avaliar melhor a actualidade (como já referi antes). Ou, citando outro grande poeta, ter em conta que "só as lições da realidade nos podem ensinar a transformar a realidade".
Mas - e desta vez é mesmo para concluir - não acredito que assim seja: que, em Portugal, as lições da realidade nos ensinem alguma coisa. Somos muito imediatistas. Sempre fomos. É uma evidência histórica. Até mesmo da História recente: na década de 90, com tanto dinheiro, com tantos apoios "da Europa", com tanta criatividade de súbito desatada... preferimos continuar com o nosso mau fado, com o nosso choradinho. E agora, amiguinhos, vivemos um tempo de retrocesso civilizacional. Felizmente há sinais, ainda ténues, que indicam que podemos estar a sair desse retrocesso. Digo eu, mas eu sou um optimista incorrigível. Com a tendência bipolar e a falta de memória histórica do bom povo português, não sei, não...
WallMada - uma exposição de artistas do graffiti em Almada
Porque eu não diria nada melhor que isto (e passo a citar):
"O Graffiti é incontornável em Almada.
Arte controversa, o Graffiti tem crescido e ganho território nas cidades nas últimas décadas. Almada, meio urbano por excelência, tem servido de berço e acolhido os melhores writers do país. Um pouco por todo o lado (paredes, muros, túneis...) deparamo-nos com obras de arte inspiradas e inspiradoras, que muitas verzes são obscurecidas pelos tags e actos de vandalismo ao património edificado. É necessário saber separar os actos e sobretudo educar sobre a arte urbana - formar para a cidadania e para a arte, tanto os aspirantes a writers como a população em geral. É essencial procurar o equilíbrio e harmonizar as vivências e as relações de vizinhança na cidade, para a construção conjunta de um espaço urbano qualificado. Arte com responsabilidade - é este o objectivo da Autarquia ao acolher a arte urbana na Oficina da Cultura da Cidade.
Wallmada é a afirmação de vários artistas almadenses que comprovam que o graffiti é uma arte e que tanto assenta numa parede como numa tela, tanto no exterior como no interior, em que o denominador comum é a lata de spray, a criatividade e a aptidão artística!"
É isso mesmo! Não acrescento nem uma vírgula.
Querem que vos mostre exemplos? Seja. Que tal estes (escolhidos mais ou menos ao acaso)?
Nota final e pequeno glossário:
segunda-feira, março 22, 2010
O ciclo da água!
A propósito do Dia Mundial da Água, um vídeo em que se explica o ciclo da dita cuja, às criancinhas e aos adultos (talvez mesmo mais aos adultos que, por sinal, bem precisam que lhes expliquem certas coisas...).
Uma animação muito ... animada! E com uma grande rockalhada!
Bill Nye, o tipo da ciência...
Esta é mais uma preciosidade do Youtube. Neste canal - Bill Nye the Science Guy - brinca-se com coisas sérias: ciência, problemas ambientais, cultura (em sentido lato, talvez - mas cultura, na mesma!).
Recorrendo a "versões" de músicas conhecidas, o "tipo da ciência" diverte-nos (e diverte-se, suponho eu) a traduzir para a linguagem de todos os dias conceitos nem sempre muito acessíveis.
E assim, "Smells Like Teen Spirit", dos Nirvana, passa a ser "Smells Like Air Pressure", o clássico de Aretha Franklin deixa de se chamar "Respect" e passa a ser "Recycle", e "Baby I Love Your Way" (original de Peter Frampton) passa a ser - obviamente! - "Baby I Love Your Wave"! É só rir!... (E, eventualmente, aprender.)
Para hoje, e por estarmos a comemorar o Dia Mundial da Água, escolhi um tema menos conhecido, mas muito bem esgalhado, sobre o ciclo da água.
Os outros todos encontram-se aqui:
http://www.youtube.com/user/NyeTunes
domingo, março 21, 2010
21 de Março é, também, o Dia Universal do Teatro (ou do teatro de amadores)!?
Eu não sabia, até descobrir este texto, escrito pelo dramaturgo português Jaime Gralheiro para a Associação Portuguesa de Teatro de Amadores e publicado pelo Centro Cultural de Almada em 1979.
Porque existem duas efemérides tão semelhantes e logo em datas tão aproximadas?
Pois, isso também eu gostava de saber. Mas não encontrei documentação sobre o assunto. Há informação, sim, sobre o Dia Mundial do Teatro (27 de Março) mas, sobre o dia do "teatro amador" a informação que encontrei é, além de escassa, inconclusiva (as fontes consultadas não coincidiam nem nas datas que apontam para a efeméride: há quem refira o dia 16 de Dezembro, em vez de 21 de Março...).
Fiquei com vontade de procurar melhor, para esclarecer esta dúvida.
Dia Mundial da Poesia, da Árvore e da Floresta. No hemisfério sul é Outono...
Canção de Outono
Talvez eu encontre flores no caminho
e nelas eu possa tecer o meu sorriso.
Foi entre ondas e areias
que descobri o invertido paraíso.
Eram pessoas vazias de si mesmo,
solitárias, desesperadas e sem canções.
E entre folhas secas caídas no chão
não entendiam a beleza das estações.
Elas partiram e voaram para longe,
inerte as minhas lágrimas de solidão!
Ventos, chuva, tempestades
eram as folhas caídas no chão.
O coração chora em súplicas:
Se mereço, perdoa-me!
Eu sou a folha caída
que de saudade chora.
Tantos outonos cantados,
das folhas que voaram
dos verões que se foram
e das primaveras que choraram.
Perdoa-me folha seca!
Minhas lágrimas não foram em vão
se chorei, foram lágrimas de solidão.
Suzana Martins
http://www.sumartins.wordpress.com/
"Néctar e poesia", no Dia Internacional da dita!
lenta, a corrosão.
pingo a pingo
desdobra-se o estertor da pedra. lenta
a definição das áreas mais favoráveis ao corpo.
penso
rapidamente a pétala prossegue
a fundamental contradição dos lírios.
néctar e poesia.
Poema meu, de
O Ciclo da Serpente - premonições deveras líricas
edição Poetas Almadenses, colecção Índex Poesis, caderno 76.
sábado, março 20, 2010
Começa hoje, no Convento dos Capuchos
segunda-feira, março 15, 2010
Ora, vejamos o que estes senhores têm para nos dizer...
sábado, março 13, 2010
Tágides 2010, este fim de semana em Almada
Almada, 1994 - a 2.ª edição do Festival Tágides, em directo na rádio!
No fim de semana em que decorre mais uma edição do Tágides - Festival de Tunas Universítárias, em Almada (ver artigo acima deste), lembrei-me que tenho, no meu arquivo, sons de uma reportagem, da (já extinta) Rádio Voz de Almada.
Era a segunda edição do evento, em 1994. A rádio teve a boa ideia de enviar um jornalista (Vítor Burgo) para a Rua Capitão Leitão (na zona "velha" de Almada), onde as tunas actuavam, na abertura do festival.
Os registos magnéticos, ou RMs, (que, muitos anos depois, transformei numa espécie de vídeo para o meu canal do Youtube) foram feitos no mesmo dia, ou melhor, noite (29 de Abril de 1994), mas passaram em ocasiões diferentes. É que, na primeira intervenção, o repórter já se estava a "esticar" com o tempo e o editor do noticiário, em estúdio (eu), teve de lhe cortar o pio (ehehe!).
Mas o mais "engraçado" é que o Vítor Burgo (porque não percebeu, ou para não desapontar os tunantes - nunca lhe chegei a perguntar se foi uma ou outra coisa...) continuou a reportagem, como se estivesse em directo. É esse o conteúdo do segundo "RM-vídeo", que passou no dia seguinte (salvo erro, ambos nos noticiários alargados das 22h00 - que, comigo, chegavam a ser mesmo muuuuuito alargados, para "desespero", entre aspas, claro, do colega radialista que, àquela hora, fazia um dos programas de maior audiência da emissora).
Velhos tempos, enfim...
quarta-feira, março 10, 2010
"A Poesia da Realidade"
"The Poetry of Reality (An Anthem for Science)" - "A Poesia da Realidade (Um Hino para a Ciência)" - é um dos vídeos do projecto (julgo que posso chamar-lhe isso) Symphony of Science.
No respectivo site - http://symphonyofscience.com/ - leio que se trata de "um projecto" (ora bem...) "musical liderado por John Boswell, concebido para divulgar conhecimento científico e filosofia em forma de música. O projecto" (pois, é mesmo um projecto...) "deve a sua existência em larga medida ao magnífico trabalho de Carl Sagan, Ann Druyan e Steve Soter, de Druyan - Sagan Associates". É um projecto comercial, ok...
Comercial mas muito interessante em termos puramente musicais (julgo eu - mas, sinceramente, sou um leigo nessa matéria) e, principalmente, no objectivo, a que se propõe, de fazer chegar conceitos científicos ao "grande público" numa forma nova, manipulando vozes e transformando discursos em melodias cantadas. (O compositor, John Boswell, explica os seus objectivos e métodos em http://symphonyofscience.com/about.html)
Desta forma, temos a oportunidade de ouvir os cientistas e divulgadores a "cantar" coisas como «Science replaces private predjudice With publicly verifiable evidence», «The story of humans is the story of ideas That shine light into dark corners», ou «There's real poetry in the real world Science is the poetry of reality», no vídeo acima.
Ou então, no que se segue, «We are all connected; To each other, biologically To the earth, chemically To the rest of the universe atomically», «We live in an in-between universe Where things change all right But according to patterns, rules, Or as we call them, laws of nature», «The beauty of a living thing is not the atoms that go into it But the way those atoms are put together The cosmos is also within us
We're made of star stuff We are a way for the cosmos to know itself»
Estas "letras" estão disponíveis, também, no site Symphony of Science.
No Youtube, melhor ainda: quem lá colocou os vídeos - http://www.youtube.com/user/melodysheep - fez-nos o favor de os traduzir para português! Eu agradeço. E retribuo, divulgando.
terça-feira, março 09, 2010
A polícia da grande democracia norte-americana no seu melhor!?
Este vídeo documenta a repressão (brutal e desproporcionada, apetece dizê-lo) exercida pela Polícia de Oakland sobre manifestantes que protestavam (pacificamente, ao que parece) contra cortes orçamentais no sistema público de educação norte-americano.
Estas imagens não passaram (que eu saiba) em nenhuma televisão portuguesa. Porquê? Não é notícia? Então, sempre que acontecem "confrontos entre polícia e manifestantes", por exemplo na Coreia do Sul (e quantas vezes os vimos!...) ou nas manifestações anti-globalização, temos imagens nos telejornais - é "notícia", portanto - e, neste caso, não há nada a reportar ou noticiar?
Porquê?
O vídeo encontra-se no canal Cubadebate. Devidamente contextualizado.
Transcrevo:
«En California y en numerosas ciudades norteamericanas los estudiantes salieron a las calles para protestar contra los recortes masivos impuestos por el Gobierno de Barack Obama en todos los niveles de la educación pública.
En Oakland, miles de manifestantes se congregaron en la Plaza Frank Ogawa. Un grupo de unos 200 jóvenes marcharon por el centro de la ciudad y al intentar atravesar la carretera Interestatal 880 para alcanzar una rampa de salida de la carretera Interestatal 980, la policía antidisturbios de Oakland, sin previa alerta de dispersion, empezó a golpearlos con porras y amenzar con sus armas a la gente antes de arrestarlos.
Mientras la policía atacaba a la multitud, Francois Zimany, un joven de quince años de edad, estudiante de preuniversitario, se fracturó el cráneo al caer desde una altura de 30 pies fuera de la autopista. Han surgido preguntas sobre si se cayó, saltó, o fue empujado por la policía fuera de la autopista.»
Nota de rodapé: tomei conhecimento deste vídeo através do deputado do PCP Bruno Dias, que o colocou no Facebook, com a pergunta "viram estas imagens em algum noticiário"? Pois, boa pergunta.